segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Guerra ao tráfico uma ação premente na busca do legado humano.

Por Professor Marcelo Ribeiro

            Aquele papo de que fulano, e sicrano, roubavam para comer, porque não tinha oportunidade na vida,  já não encontra hoje, a mesma ressonância que ecoava por toda a sociedade anos atrás. Era uma leitura acadêmica e romântica de boa parte da sociedade civil e do poder público, resultado da vivencia destes, nas décadas de 70 e 80, sem “as liberdades”, dominados por um conjunto de políticas ditatoriais e sangrentas impostas pelos governos militares a serviço do capital internacional. Desde 1964, estes militares  deram um golpe na democracia brasileira e passaram a governar com mãos de ferro o Brasil.
Neste momento em que os governos: Municipal e Estadual do Rio de Janeiro, discutem o legado da Copa do mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, o povo clama  por ações firmes, eficazes e rápidas que aproveitando o momento ultra oportuno, em que os moradores do nosso Estado e a opinião pública do Brasil e no mundo, esperam por um desfecho favorável do "bem contra o mal". O báscico direito de ir e vir dos não traficantes, que moram nas comunidades, aterrorizados por delinqüentes globalizados e importados de outras áreas ocupadas pela UPP´S.
De outro lado e não menos importante, é o conjunto da sociedade carioca e fluminense, que “vegeta” a anos, com medo pelo descaso das autoridades governamentais, da polícia corrupta, do sistema prisional sem resultados, na recuperação (se é que isso é possível). Sintomas de uma sociedade pobre que fomenta a anos um "estado paralelo" estabelecido nas comunidades carentes, onde sempre encontrou terreno fértil para se reproduzir no sentido abstrato e literal. Comunidades que passaram anos renegadas sem as ditas políticas públicas de qualidade. O descaso funcionou como fermento para o  acréscimo de novos jovens ao tráfico. O crime, o poder paralelo e as drogas são exemplos nestas regiões do resultado direto deste descaso, de fingir que nada estava acontecendo de fato.
O propagado "Estado Paralelo" defendido por alguns sambistas em suas músicas, potencializou-se como  poder local no primeiro momento, criando uma dependência através da prestação de “favores sazonais” nestas comunidades carentes de tudo. Na década de 70 em diante, alguns grupos de criminosos, comparados aos seus descendentes atuais, mas parecia, um bando de fanfarrões, brincando de policia e ladrão em busca de assaltos a bancos e residências, pilhando o dinheiro necessário para comprar algum prestigio, uma vida fácil. Estes recursos também eram usados na “compra do respeito junto aos moradores”, que recebia “pequenos benefícios prementes” como: remédio, brinquedos, roupas e comida. Estes marginais, são rapidamente substituídos pela juventude na hierarquia do crime e “evolui” no submundo do crime, inaugurando uma nova fase da exploração ilícita - as drogas.
Neste contexto, conseguir uma boa venda de drogas passou a ser sinônimo de poder e seus compradores durante este período foi parte da burguesia carioca, que financiaram, e sustentaram indiretamente o crescimento deste poder, enquanto se “deliciavam” em transes, estiveram alheios aos efeitos lesivos da cocaína, heroína, LSD, Lança Perfume, e da maconha na sua própria saúde, e na ampliação deste mercado que em pouco tempo, fez do narcotráfico um comércio lucrativo disputado, até chegar aos atuais "craques, e as drogas sintéticas e etc.", usados pelos “miseráveis e pelos bacanas” em festas com músicas eletrônicas, nos tempos atuais..


Um outro Brasil é possível

É fato e concreto, que o Brasil esta passando por momentos transição, de crescimento e amadurecendo as instituições democráticas recentemente defendidas por lei na constituinte de 1988, portanto apenas 22 anos nos separa do recomeço democrático do país, que ainda tem dificuldades, de punir os algozes da ditadura, e de abrir os arquivos deste período. Lacrados e defendidos pelos setores conservadores da sociedade brasileira, verdadeiras aves de rapina que observa com atenção e olhos de lince, bem atentos ao melhor momento de voltar ao poder.
O aumento da escolaridade e da formação profissional em curso, apesar de incipiente, aponta para novos tempos. O crescimento no nível de emprego, e renda, aos poucos, vem impactando diretamente na qualidade de vida dos brasileiros, motivando a procura por uma solução licita em ganhos melhores. De outra forma, também percebemos a intolerância às avessas, sobre o "cabresto dos traficantes", imposto a estas comunidades desde a sua constituição até os dias atuais..
O País através dos atuais níveis de desenvolvimento, busca virar uma página da nossa história, marcada por nefastos anos de subserviência, aos países, “mais desenvolvidos”, desde a primeira colonização do país, com Portugal, passando pelos Ingleses, a tentativa de imitar o jeito Francês, e sendo subjugado economicamente , militarmente e culturalmente pelas produções de Hollywood.
As comunidades carentes, já fizeram sua escolha e não querem mais permanecer com “cabresto” imposto por traficantes de drogas e milicianos, o que não faz muita diferença, pois a opressão destes segmentos marginais, é igual para o conjunto dos moradores e da sociedade.
 Junte tudo isso, mais, o empenho do atual governo do Estado do Rio de Janeiro, que resolveu enfrentar, com firmeza este "câncer" e chamou a todos, para unir as forças, e começar de uma vez por todas, a dominar estes "feudos satânicos" na tentativa de encontrar uma atmosfera, que traga uma sensação de dias melhores ao nosso povo, tão massacrado por episódios de barbárie urbana por anos de descaso.
As policias: civis e militares, o Bope, a Marinha, Exército e a Aeronáutica que estiveram a anos adormecidos, resultado da política de seus comandantes e governos. Foram chamados agora, para dar a sua contribuição ao povo brasileiro. Esta união e primordial, visto que ha tempos, todos viraram alvos fixos dos criminosos, e é, assim que todos devem pensar, pois nenhuma família esta a salva do poder destes delinqüentes.
A busca pelo estabelecimento da paz nos "territórios do medo" é sem  dúvida, o melhor inicio, daquele que deve ser o maior, de todos os legados que a nossa população espera de seus governantes. Mas, apesar de importantíssimo, expulsar e ocupar os territórios, não é uma ação final, e sim, o começo da assistência governamental, através da segurança e nos investimentos em saúde, condições sanitárias, e de higiene, na criação de espaços culturais, nas artes, na qualificação profissional.
Deve-se ainda, quebrar o preconceito e o estigma de que os moradores das comunidades parecem ter adquirido o título de bandido, pelo simples fato de morar lá, como se ainda na barriga das suas mães, estes cidadãos recebessem um carimbo de “marginais”.
Aliás, a história e se repete, na Idade Média o povo ficava impedido de tentar uma vida melhor pelo simples fato de "receber aquela vida difícil dada por Deus", como defendiam a nobreza e a Igreja, desta época, na tentativa de intimidar os mais pobres e manter assim o seu status. Ou seja, os mais pobres não podiam jamais, desafiar os mais ricos através do conhecimento e da pilhagem de bens, pois seria considerado um fora da lei ou herege.
Não conseguiremos resolver o problema das drogas e da insegurança no Rio,  Baixada Fluminense e no Brasil, apenas pela ocupação dos espaços destes criminosos, mas, é um símbolo e uma marca de mudança. O governador poderia ter passado esta gestão e próxima, fazendo acordos "arregos" e garantir a "paz", mas optou por enfrentar, e, talvez, passar para a história como um dos melhores governos de nosso estado, sob este aspecto.
Mas, trabalhar somente no efeito e pouco, investimentos na estruturação da família, da escola, a valorização dos professores, de salários decentes e dignos, de estruturas de trabalho, configuram as condições necessárias, para o investimento das novas gerações de crianças e jovens, apartadas das drogas e do domínio nefasto do crime e do mal.
Nossa gente, não aguenta mais, conviver com bandidos, com os defensores dos direitos humanos para mostros, com os falsos policiais, com os governantes corruptos.
 O Brasil destes oito anos de governo Lula, experimentou o gosto de uma vida melhor, mais digna, com diminuição nas suas privações, com a melhoria na igualdade de oportunidades, com ofertas de qualificação, com distribuição de renda, com o aumento do emprego de carteira assinada, com o crescimento da auto-estima de nosso povo. Acho, até que uma Copa e uma Olimpíada, frente aos problemas sociais, não seriam necessárias, para este povo tão carente de: casas, hospitais, formação e educação.
Mas, se o pretexto destes eventos, tiver como resultado a tranqüilidade e a paz, e este for o preço a se pagar, vou hoje mesmo, começar a fazer uma campanha, para que mais eventos deste porte, venham para o Brasil, e que os governantes, tenham vergonha na cara, e coragem, para mudar estas tristes realidades de nosso povo, deixando vários legados positivos, para as próximas gerações.  A humanização e o melhor legado para a nossa espécie.

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