Grupo suspeito de 50 assassinatos também negociava armas com bandidos do Alemão. Entre os 25 presos, há 13 PMs
Rio - Ação conjunta das polícias civil e Militar, do Ministério Público Estadual e dos serviços de inteligência do Exército e da Marinha desarticulou, ontem, uma das milícias mais bem organizadas do estado. Dos 34 acusados, 25 foram presos, entre eles dois vereadores de Duque de Caxias, apontados como chefes do bando, e 13 PMs.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça durante as investigações mostram o envolvimento da quadrilha com a venda de armas para traficantes do Complexo do Alemão, ocupado mês passado pelas forças de segurança.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça durante as investigações mostram o envolvimento da quadrilha com a venda de armas para traficantes do Complexo do Alemão, ocupado mês passado pelas forças de segurança.
O vereador Jonas Gonçalves da Silva, o 'Jonas é nóis', foi detido em sua residência | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
A operação Capa Preta, referência ao ex-deputado Tenório Cavalcanti, primeiro justiceiro da Baixada Fluminense e uma espécie de precursor das milícias, foi comandada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Draco-IE) com a participação de 200 policiais.
Segundo as investigações, a milícia era comandada pelos vereadores Jonas Gonçalves da Silva, o Jonas É Nós, e Sebastião Ferreira da Silva, o Chiquinho Grandão. Dois filhos de Jonas — o ex-PM Éder Fábio Gonçalves da Silva, o Fabinho É Nós, e o PM recém-formado Jonhantan Luiz Gonçalves da Silva (PM), o Petão — também foram presos.
A quadrilha movimentava R$ 300 mil por mês com a exploração TV a cabo clandestina (‘gatonet’), cobrança de pedágio sobre venda de gás, fornecimento de cestas básicas, agiotagem e grilagem de terras. O grupo é acusado de pelo menos 50 homicídios na região, segundo levantamento inicial da polícia.
“O bando funcionava como uma verdadeira empresa criminosa, com papéis bem definidos para cada um. Havia gerentes, matadores, agentes de campo. Usando seu poder, os vereadores também blindavam seus cúmplices através da influência junto ao Poder Judiciário local”, disse o delegado substituto da Draco-IE, Alexandre Capote.
Segundo as investigações, a milícia era comandada pelos vereadores Jonas Gonçalves da Silva, o Jonas É Nós, e Sebastião Ferreira da Silva, o Chiquinho Grandão. Dois filhos de Jonas — o ex-PM Éder Fábio Gonçalves da Silva, o Fabinho É Nós, e o PM recém-formado Jonhantan Luiz Gonçalves da Silva (PM), o Petão — também foram presos.
A quadrilha movimentava R$ 300 mil por mês com a exploração TV a cabo clandestina (‘gatonet’), cobrança de pedágio sobre venda de gás, fornecimento de cestas básicas, agiotagem e grilagem de terras. O grupo é acusado de pelo menos 50 homicídios na região, segundo levantamento inicial da polícia.
“O bando funcionava como uma verdadeira empresa criminosa, com papéis bem definidos para cada um. Havia gerentes, matadores, agentes de campo. Usando seu poder, os vereadores também blindavam seus cúmplices através da influência junto ao Poder Judiciário local”, disse o delegado substituto da Draco-IE, Alexandre Capote.
Entre os presos, há ainda ex-policiais militares, um sargento do Exército, um fuzileiro naval e um comissário da Polícia Civil. Durante a ação, houve apreensão de armas, munição e documentos. Os militares da ativa e o policial civil foram suspensos de suas atividades por ordem da Justiça. Todos os denunciados vão responder por formação de quadrilha armada. Já Jonas, seu filho Éder e o soldado PM Angelo Lima de Castro também são acusados e extorsão.
Policiais flagrados em julho já estavam em liberdade
Capturados ontem, os irmãos e policiais militares Angelo Sávio Lima de Castro e Roberto Wagner Lima de Castro, ambos lotados no 15º BPM (Duque de Caxias), e seu tio, o comissário da Polícia Civil Ricardo Braga de Castro, já haviam sido presos, em julho, num carro da Polícia Civil desviada do pátio de manutenção, levando pelo menos 16 armas e munição. Apesar do flagrante da Corregedoria da PM, todos já estavam soltos.
Capturados ontem, os irmãos e policiais militares Angelo Sávio Lima de Castro e Roberto Wagner Lima de Castro, ambos lotados no 15º BPM (Duque de Caxias), e seu tio, o comissário da Polícia Civil Ricardo Braga de Castro, já haviam sido presos, em julho, num carro da Polícia Civil desviada do pátio de manutenção, levando pelo menos 16 armas e munição. Apesar do flagrante da Corregedoria da PM, todos já estavam soltos.
Na ocasião, agentes da 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) receberam denúncia de que quatro supostos policiais civis estariam extorquindo moradores do bairro Pantanal. Quando pediram identificação do ocupantes da viatura, descobriram que dois eram PMs e um nem era policial. Apenas um dos homens apresentou carteira de comissário. No carro, havia fuzis, pistolas e revólveres, alguns com numeração raspada, e grande quantidade de cápsulas.
O delegado Alexandre Capote disse não saber o motivo de os policiais estarem livres. “Vamos apurar isso durante o processo”, afirmou ele
O delegado Alexandre Capote disse não saber o motivo de os policiais estarem livres. “Vamos apurar isso durante o processo”, afirmou ele
MUNIÇÃO E FUZIL PARA O TRÁFICO
O contato entre milicianos de Duque de Caxias e traficantes do Complexo do Alemão para a venda de armas foi comprovada graças a uma interceptação telefônica. Em um trecho da escuta, um dos paramilitares revela não ter conseguido realizar um negócio porque um policial havia chegado antes:
Miliciano: Eu fui lá no Complexo do Alemão. Aí eu fui e não deu certo para pegar um dinheiro dele lá.
Mulher: É mesmo, é?
Miliciano: É. O policial vendeu munição, fuzil.
Miliciano: Eu fui lá no Complexo do Alemão. Aí eu fui e não deu certo para pegar um dinheiro dele lá.
Mulher: É mesmo, é?
Miliciano: É. O policial vendeu munição, fuzil.
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