sexta-feira, 22 de julho de 2011

CAFETIZAÇÃO DA IMPRENSA (PARTE) EM DUQUE DE CAXIAS

ARRENDAMENTO AMEAÇA A
CREDIBILIDADE DOS JORNAIS
 
Já é quase tradição os jornais locais, semanários ou mensais, aderirem a um dos candidatos, levando em conta as relações pessoais dos donos de jornais e os interesses políticos e econômicos que eles defendiam. Hoje, com as mudanças introduzidas pela Constituição de 1988, temos mais de 30 partidos e, até o momento, temos seis candidatos declarados à sucessão do prefeito Zito, candidato à reeleição. O que mudou é que os jornais, ao invés de apoiarem o candidato por convergência de opinião e postura política, estão enveredando pelo perigoso e, no mínimo antiético, terreno do “arrendamento”, isto é, a direção do veículo faz exatamente o que fazem os presidentes dos chamados partidos nanicos, que alugam a legenda para quem se dispuser a gastar dinheiro nas eleições.
E o primeiro passo foi dado pelo deputado federal Washington Reis (PMDB), um dos candidatos apoiados pelo governador Sergio Cabral e que arrendou o semanário “Folha da Cidade”, do pastor e ex-vereador Vaguinho. O jornal estava fora de circulação há quase dois anos e o relançamento coincidiu com a inauguração da nova sede do PMDB, numa espaçosa casa na Rua Marechal Floriano, bairro 25 de Agosto, na valorizada zona bancária da cidade. E para deixar claro quem manda no jornal, o deputado Washington Reis transferiu a redação do jornal, que funcionava há mais de 20 anos no interior da gráfica da família do ex-vereador Neuber Dutra, pai de Vaguinho, para a nova sede do partido.
A decisão do deputado Washington Reis deverá modificar os planos de propaganda dos outros concorrentes, que irão buscar jornais que aceitem “assimilar” suas candidaturas, o que poderá resultar na disputa feroz entre os jornais da cidade, que há anos perderam a identidade com seus leitores, limitando-se a publicar os “releases” enviados pela Prefeitura, a Câmara, o Governo do Estado, a Assembléia Legislativa e até empresas privadas. Assim, o arrendamento pode ser comercialmente vantajoso para os donos dos jornais, mas, passadas as eleições, eles voltarão às mãos de seus donos com a marca do candidato que apoiaram. E nesse caso, só o vencedor poderá comemorar a opção, pois os demais perderam credibilidade, produto em falta na mídia brasileira, na medida em que a grande imprensa (rádio, jornal e TV), que tem no Governo e nas estatais a fonte certa de recursos publicitários, passa a omitir fatos, quando não os deturpa, como vem ocorrendo com a instalação de UPPs, o funcionamento das UPAs, a falta de saneamento básico, a longa greve de bombeiros e professores, entre outros itens que afetam o dia-a-dia do cidadão comum.
Além de fecharem o “negócio” com um veículo de comunicação, os candidatos devem avaliar se sairão mais ricos, ou mais pobres, em termos de credibilidade junto ao eleitor, assunto em que a mídia continua tateando. Nesse “fechamento” com os jornais, os candidatos também e preferentemente devem analisar a conduta ética e o viés da legalidade junto aos tribunais eleitorais. Como dizem os “croupiers”: Façam o jogo, Senhores!

Fonte: Blog do Alberto Marques

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