terça-feira, 5 de outubro de 2010

Inea apresenta projetos para despoluição de rios que tornam Baía de Guanabara um 'imenso valão'

Luana Freitas | Rio+ | 05/10/2010 22h40
A enorme quantidade de lixo produzido pela população acaba tendo seu destino desviado, muitas vezes, para rios e manguezais do estado. O biólogo Mário Moscatelli constata mensalmente, há 15 anos, a poluição dos rios ao sobrevoar o estado pelo projeto "Olho Verde". Segundo ele, a Baía de Guanabara está se tornando um "imenso valão", devido a grande sujeira e resíduos que desembocam nela.
Moscatelli afirma que a situação é grave e precisa de maior atenção por parte das autoridades. Até mesmo a população pode ser prejudicada com a poluição dos rios,  já que está exposta à contaminação de doenças graves, como hepatite, câncer de fígado e infecções intestinais. O biólogo afirma que se nada for feito, a Baía pode se tornar um "grande penico". Os rios que se encontram em situação precária, segundo a observação constante de Moscatelli, são: Jacaré, Farias Irajá, São João de Meriti, Sarapuí-Iguaçu e Guaxindiba.
O SRZD publicou uma matéria sobre o assunto no dia 31 de agosto, e reforçou posteriormente, no dia 23 de setembro. E para buscar respostas sobre o fato, o SRZD procurou o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) para saber sobre projetos para recuperar e restabelecer a condição das águas poluídas do estado do Rio.
Segundo o instituto, diversas medidas estão sendo tomadas para o tratamento desses rios, inclusive projetos serão colocados em prática ainda este ano.
"Na baixada fluminense, o Projeto Iguaçu trabalha no desassoreamento dos rios Iguaçu, Sarapuí e Botas. Foram retirados desses rios e alguns afluentes 3 milhões de m³ de lixo e sedimentos, 22 mil pneus, num total de 70km de rios dragados. O Projeto Iguaçu também investe na recuperação das áreas marginais e instalação de parques de orla, plantio de vegetação ciliar, reflorestamento de áreas de nascentes, preservação de áreas para amortecimento de cheias (áreas-pulmão), renaturalização de cursos d’água, desobstrução e substituição de pontes e travessias, realocação de moradias, além de outras medidas complementares relacionadas ao disciplinamento do uso do solo, coleta de lixo, etc".

Sobre os rios Botas e São joão de Meriti, o INEA declarou que há ecobarreiras que impedem a chegada do lixo flutuante até a Baía de Guanabara. Segundo informou o instituto, o próximo a receber uma ecobareira será o rio Sarapuí.
Sobre esse sistema, o biólogo afirma que não é suficiente para reter a grande quantidade de resíduos presente nos rios. Em seus sobrevoos, ele constatou que a ecobarreira do rio São João de Meriti, por exemplo, se rompe com frequência, devido ao excesso de lixo e por ser frágil para suportá-lo.
"Destaco que o atual modelo de ecobarreira é melhor do que nada, mas não resolve ainda muito pouco do problema do aporte de resíduos em direção à Baía de Guanabara".
O biólogo ainda comentou sobre o não funcionamento da estação de tratamento de São Gonçalo, que não cumpre sua função desde a inauguração, mesmo depois do pesado investimento de R$ 1 bilhão no programa de recuperação da Baía de Guanabara.
Sobre os demais rios poluídos, o INEA declarou que está tomando providências para a recuperação dos mesmos.
"O Instituto Estadual do Ambiente está realizando intervenções emergenciais no Rio Guaxindiba por conta da chuva de abril. Existem projetos de intervenção nos rios Imboaçu e Alcântara, em São Gonçalo".
Mario Moscatelli lamenta a condição dos rios e da Baía de Guanabara, que acaba por minar a imagem do Rio de Janeiro, especialmente quando se pensa nos grandes eventos esportivos que a cidade receberá, e conclui o relato de sua vasta experiência na observação dos rios do estado com um desabafo.
"A atual administração e as próximas duas terão de trabalhar muito para reverter o processo de degradação acumulado nos últimos trinta anos por administrações públicas no mínimo incompetentes ancoradas na mais profunda certeza da impunidade".

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