João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, deposto
pelo golpe de Estado de 1964 e morto em circunstâncias não esclarecidas
em 1976, disse que seu pai estava na mira do Plano Condor, o que
corrobora para a hipótese de que foi assassinado. As informações são da
agência Ansa.
"O (Plano)
Condor queria eliminar meu pai, existem documentos suficientes, que
foram descobertos ao longo de décadas, e testemunhos, e até nossa
experiência como familiares, o que permite assegurar isso", disse, em
entrevista à Ansa.
O corpo de Jango será exumado na próxima
semana e posteriormente traslado a Brasília no âmbito de uma
investigação da Comissão Nacional da Verdade (CNV). "O envenenamento é
uma hipótese plausível, é baseada em vários elementos", acrescentou.
"Eu
me encontrava no exterior no dia de sua morte, em 6 de dezembro de
1976, porque ele nos havia enviado, eu e minha irmã, para estudar fora
porque corríamos perigo na Argentina. Seu escritório na rua Corrientes,
em Buenos Aires, havia sido invadido", explicou. Como presidente do
Instituto João Goulart, João Vicente assumiu o papel de porta-voz da
família.
A certidão de óbito do ex-presidente não dá nenhum
detalhe sobre seu falecimento em sua estância na região de Mercedes,
cujo motivo alegado foi uma parada cardíaca. "Tudo que rodeia a morte de
Jango é duvidoso, como explicar que ninguém permitiu que fosse feita
uma autópsia, nem na Argentina, onde governava o ditador (Jorge) Videla, nem no Brasil, onde estava seu colega (Ernesto) Geisel? Essas decisões são tomadas desde cima, o que é muito chamativo", apontou.
João
Vicente viajará na próxima quarta-feira a São Borja, no Rio Grande do
Sul, onde estão enterrados os restos do ex-presidente. "Depois de 37
anos de uma morte duvidosa, ou muito duvidosa, a exumação do corpo de
meu pai pode nos ajudar a se aproximar da verdade, isso quer dizer que
nos permite ter uma esperança e quero dizer, por outro lado, que estamos
conscientes de que os testes podem falhar", concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário