A REFORMA /
LUTERANISMO/CALVINISMO)
1. INTRODUÇÃO
A sociedade européia dos séculos XV e XVI é palco de transformações radicais que vêm superar a crise do feudalismo, originando mudanças nos níveis político, econômico, social e cultural. Nesse sentido, a principal instituição do mundo feudal, a Igreja, não poderia passar imune. A Igreja era a maior proprietária de terras cultiváveis na Europa centro-ocidental, o clero agia como qualquer senhor feudal em relação aos camponeses e ligava-se, socialmente, à nobreza rural e à grande burguesia mercantil das cidades: o Papado dirigia uma administração secular, cunhava moedas, administrava justiça e mantinha um exército e uma armada, era um verdadeiro monarca. No plano econômico, o Papado agia como um Estado, com a vantagem de justificar suas práticas com a autoridade espiritual. Desde o século XIV, a Igreja se especializa em arrecadar dinheiro, utilizando-se de todas as fontes geradoras de recursos, entre elas as irregulares, como no caso das indulgências. Os papas do século XVI não só as vendiam, como também as arrendavam a algum banqueiro. Por exemplo: os Fugger, que recebiam 1/3 do dinheiro recolhido.
2. LUTERANISMO
2.1 A situação da Alemanha na época da reforma protestante
No início do século XVI, a Alemanha era um conjunto de Estados independentes, que formavam o Sacro Império Germânico, onde o cargo de imperador era simplesmente um título, sem poder efetivo. Este era eleito por 7 príncipes. Em 1519, o rei Carlos I da Espanha consegue eleger se e assume o título imperial com o nome de Carlos V. O século XV fora uma época de crise econômica, nesse ambiente é que vive Lutero (1483-1546). Impressionado com a venda de indulgências, esse monge agostiniano se revolta e, em 1517, lança as suas “Noventa e Cinco Teses” contra essa prática implementada pela Igreja. Em duas
semanas, praticamente, toda a Alemanha tomara conhecimento das Teses do monge Lutero. A sua atitude atingia a autoridade do Papa e também as entradas financeiras oriundas da indulgência: o Papa exigiu que Lutero se retratasse, o que ele negou-se a fazer, entrando em polêmicas públicas com os enviados papais. Carlos V intimou-o a comparecer diante da Dieta Imperial reunida em Worms, onde ele não cedeu, sendo posto fora da lei. Em 1520, Lutero queimou uma Bula Papal que condenava suas doutrinas e por isso foi excomungado. De tudo que sucedia, ele dava conta ao povo através de livros e folhetos em que relatava as disputas e afirmava suas posições. A doutrina luterana repelia a salvação do cristão pelas obras de caridade e penitência, defendendo a “justificação pela fé” na graça de Deus, que opera salvação do homem, o que significava uma evidente mensagem de libertação do homem face à Igreja e às autoridades eclesiásticas, defensoras dos privilégios feudais, abolindo a necessidade de intermediários (clero) entre Deus e o homem, tornando cada homem capaz de dirigir-se a Deus diretamente. O que significava, na prática, a negação das hierarquias eclesiásticas e feudais.
2.2 As conseqüências da Reforma Luterana
As conseqüências da Reforma Luterana foram várias; dentre elas, destacamos os movimentos sociais, que jamais Lutero imaginara provocar, como a revolta dos nobres contra o poderio papal, dos camponeses e populações urbanas pobres, desejosos de uma nova ordem social e política.
2.3 A expansão do Luteranismo
A grande área de expansão do Luteranismo foi a Escandinávia (Dinamarca, Noruega e Suécia), além disso, teve influência entre poloneses, boêmios, húngaros, exercendo menos influência na Suíça, Espanha, Itália e Países Baixos.
3. CALVINISMO
A corrente mais dinâmica da reforma protestante foi formulada por João Calvino (1509-1564), em Genebra, apesar de ser originário da França, além de ter sua origem e formação ligadas à burguesia ilustrada. A doutrina elaborada por Calvino rompe, de forma mais profunda, com o catolicismo, elaborando a doutrina de predestinação absoluta, na qual alguns nomes já estão destinados à salvação absoluta e outros à perdição eterna. Além disso, notamos que os princípios do calvinismo correspondiam, às práticas econômicas da burguesia, à medida que criavam uma teoria justificadora do lucro, consideravam todo trabalho respeitável e o lucro obtido pelo esforço, uma bênção de Deus. O calvinismo exerceu muita influência em Genebra, onde se fixou. A propagação do calvinismo se estendeu aos Países Baixos, onde se relaciona à independência destes, face à Espanha. Na Escócia, o reformador mais influente foi John Knox, discípulo de Calvino, que entrou em choque com Mary Stuart, rainha plenamente identificada com o catolicismo. Ainda aqui, as circunstâncias sociais e políticas são decisivas
na aceleração da Reforma: esta se identifica com o nacionalismo emergente. Com a deposição de Mary Stuart, o reinado de James VI realizará a implantação do calvinismo.
01 João Calvino defendia que alguns homens já nascem salvos pela vontade de Deus e que o indício dessa salvação seria o acúmulo de riquezas, através das virtudes e do trabalho. Tal princípio, ia de encontro aos interesses da burguesia. O texto acima refere-se:
a) à livre interpretação da Bíblia. d) à simonia.
b) à predestinação. e) ao Ato de Supremacia.
c) às indulgências.
02 A principal crítica de Martinho Lutero à Igreja foi:
a) a divisão do clero em secular e regular.
b) a venda de relíquias santas aos fiéis, oferecendo em troca a salvação.
c) a cobrança de indulgências.
d) a atuação da Inquisição.
e) a construção da Basílica de São Pedro.
03 O Calvinismo foi:
a) a doutrina que sintetizou as idéias dos reformadores que a antecederam, formulando o campo protestante em torno dos princípios do cesaropapismo e culto dos santos.
b) apenas um prolongamento das idéias preconizadas por Lutero, que admitia que o Príncipe, além de exercer poder civil absoluto, devia vigiar e governar, por direito divino, a Igreja cristã.
c) um movimento originário na Suíça, como resultado de convulsões sociais locais, que revelavam uma manifestação de rebeldia contra as taxas cobradas pela Igreja e sobre a liberação da prática do divórcio.
d) o resultado das preocupações pessoais de Ulriko Zwinglio e dos problemas relacionados com o celibato clerical.
e) a mais extremada seita protestante em relação ao Catolicismo e a mais próxima das questões levantadas, em termos éticos, pelo rápido desenvolvimento do capital comercial e financeiro.
01 Discorra sobre os principais fatores responsáveis pela eclosão da grande crise religiosa do século XVI, conhecida como Reforma, a qual deu origem ao protestantismo moderno.
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02 Segundo Calvino, o homem já nasce predestinado à salvação ou condenação eternas, e um dos sinais da salvação é a riqueza acumulada através do trabalho. Estabeleça a relação entre a expansão da doutrina calvinista e o fortalecimento do capitalismo no século XVI.
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03 No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, professor de teologia da Universidade de Wittemberg, afixou na porta de uma igreja daquela cidade um documento em que eram expostas noventa e cinto teses. Baseado em Elton, G.R., “História de Europa, México, Siglo Veintiuno”, 1974, p. 2.
a) Que processo histórico o gesto de Lutero inaugurou?
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b) Cite duas práticas adotadas pela Igreja católica condenadas por Lutero.
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c) Por que se considera que esse processo histórico acabou facilitando o desenvolvimento do capitalismo?
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A REFORMA (ANGLICANISMO
1. O ANGLICANISMO
A reforma na Inglaterra está ligada, intimamente, à questão de centralização do poder. Por isso, o esforço reformador partiu da própria coroa. A reforma na Inglaterra surgiu quando Henrique VIII entrou em choque
com o Papado. O rei desejava separar-se de Catarina de Aragão (só lhe dera filhas) para casar-se com Ana Bolena, mas o Papa recusou-se a anular seu casamento, pressionado por Carlos V, sobrinho de Catarina e que invadira a Itália, em 1527, para assegurar seu domínio na península. A partir de então, começou o ataque ao catolicismo; denunciou-se a corrupção do clero, limitou-se seu direito de propriedade, declarou-se a soberania do monarca no reino (repúdio à influência estrangeira). Em 1534, o parlamento vota o Ato de Supremacia, instituindo o rei como o chefe da Igreja Anglicana.
2. OS ANABATISTAS
Eram diferentes grupos, com diferentes ênfases, concordando, em geral, num estilo muito simples de vida, na necessidade de um novo batismo, na separação absoluta da Igreja e Estado, na abolição de imagens, pinturas e da própria missa, na rejeição da violência e do serviço militar (pregando até a desobediência ao Estado, que cobrava impostos para fins guerreiros). Alguns chegaram a formular a comunidade formada a partir da propriedade comum dos bens (Tomas Müder).
01 Em relação à Reforma Religiosa do Século XVI, é correto afirmar que:
a) o movimento de Thomas Münzer, comandando os camponeses, contribuiu para a vitória do luteranismo na Suíça.
b) a doutrina Calvinista impunha um rigor material aos seus adeptos, proibindo-os de praticarem qualquer atividade lucrativa.
c) o Concílio de Trento - 1545/1563 - negou os antigos dogmas católicos.
d) a Igreja Anglicana surgiu do interesse de Henrique VIII em ampliar as riquezas do Estado e eliminar a possível ingerência espanhola nos assuntos internos de seu país.
e) o líder Martinho Lutero tornou-se vitorioso, quando recebeu adesão da burguesia do Sacro Império Germânico às suas propostas.
02 Todas as alternativas apresentam fatores que permitiram o avanço do Anglicanismo, EXCETO:
a) A fusão de dogmas protestantes ao formalismo dos ritos católicos.
b) O avanço das doutrinas protestantes entre as camadas populares.
c) O fortalecimento do internacionalismo do Papa a partir do Vaticano.
d) O interesse pelas propriedades da Igreja, especialmente pelas suas terras.
e) O objetivo do rei de fortalecer seu poder absolutista monáquico.
03“III - Tem sido hábito, até agora, de certos homens, segurar-nos como propriedade sua, visto que o Cristo nos libertou (...). Por isso, julgamos estar garantido que seremos libertados da servidão.” Manifesto dos Camponeses Alemães Revoltados - 1525. “Deus prefere que existam governos, por piores que sejam, do que permitir à ralé que se amotine, por mais razão que tenha.” Martinho Lutero - Primeira metade do século XVI. Por mais que Lutero e os camponeses alemães tivessem críticas comuns à Igreja Católica da época, existiam sérios pontos de conflito entre eles. A raiz deste choque está:
a) na idéia de que somente aqueles que possuíssem instrução ou títulos podiam manifestar-se contra a Igreja Católica e suas prática.
b) no apoio mútuo existente entre Lutero e os setores da nobreza alemã que mantinham os camponeses sob servidão.
c) no fato de os camponeses alemães defenderem o respeito absoluto ao dogma da infalibilidade papal, com o que Lutero não concordava.
d) na excomunhão de Lutero pelo papa Leão X, já que os camponeses temiam aproximação com alguém acusado de heresia.
e) no fato de a doutrina luterana defender a salvação do corpo e da alma, enquanto os camponeses só estavam preocupados com a salvação terrena.
Destaque a importância do Ato de Supremacia, no contexto da Reforma Anglicana.
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CONTRA-REFORMA
1. INTRODUÇÃO
Muitas tentativas de mudança na Igreja, durante o século XV, fracassaram. O impacto da reforma protestante, no entanto, acabou por produzir um amplo movimento de reação e reformulação interna na Igreja Católica, cujos principais instrumentos foram: o Tribunal do Santo Ofício e a Companhia de Jesus.
2. A REFORMA CATÓLICA
O Santo Ofício, antigo tribunal medieval, foi restabelecido como tribunal religioso, ativamente apoiado pela Coroa. Seus julgamentos eram secretos e abrangiam os casos de heresia e outros crimes graves contra a fé católica. Embora nominalmente um tribunal religioso, sua ação teve uma inequívoca dimensão política, visto que o Estado e a Igreja se sustentavam mutuamente; a luta pela unidade da fé católica era essencial à unidade do Império Espanhol e, portanto, vital para o prestígio dos Habsburgos. O desafio protestante e a premente necessidade de renovar deram origem a novas ordens religiosas, das quais
as mais importantes foram: os Barnabitas, os Capuchinhos, as Ursulinas e os Jesuítas. Mas a ordem mais importante foi, sem dúvida, a dos Jesuítas. A ela deve o Papa sua vitória completa no Concílio de Trento. Fundada pelo ex-soldado espanhol, Inácio de Loiola, em 1534, em Paris, foi aprovada e ratificada pelo Papa Paulo III, em 1540. Juntamente com a Inquisição, passou a representar a base de todo o trabalho de Reforma da Igreja Católica e da recuperação do “terreno” ideológico perdido. Cedo começaram a exercer grande influência em muitas atividades sociais e áreas geográficas. Dirigiram-se como missionários à América Espanhola, Brasil, Canadá, China, Japão e Índia, onde promoviam o ensino, a catequese e a pregação. O Concílio de Trento, que se reuniu de 1545 a 1563, reafirmou os dogmas negados pela Reforma, a saber: necessidade das obras e da fé para a salvação, a antiga doutrina dos sacramentos, a sucessão apostólica do clero, a existência do purgatório, a crença nos santos, o celibato clerical, a supremacia papal sobre o clero e a infalibilidade das decisões papais em matéria de moral e dogma. Dessa maneira, o amplo movimento conciliar dos séculos XIV e XV que pretendia submeter o Papado às assembléias do clero, foi completamente derrotado. O Concílio de Trento legislou também quanto à disciplina: proibiu a venda de indulgências, proibiu o enriquecimento de padres e bispos pela ocupação de dois benefícios ao mesmo tempo; determinou a criação de escolas teológicas em cada diocese para superar a ignorância do clero. E estabeleceu o Index “(Index Librorum Proibitorum)”, relação de livros proibidos à leitura, pelo perigo que representavam de difundir as idéias protestantes. A Contra-Reforma, atitude de defesa, propiciou uma renovação interna na Igreja Católica, uma extensão de sua influência política e a criação de uma atitude combativa dos reis católicos, de modo que os problemas políticos do século XVI e XVII assumirão contornos religiosos (caso das guerras religiosas).
01 O Concílio de Trento, uma das medidas da Reforma Católica, cujo objetivo era enfrentar o avanço das idéias protestantes, apresentou uma série de decisões para assegurar a unidade da fé católica. Entre essas decisões, a de:
a) favorecer a interpretação individual da Bíblia, de acordo com seus princípios fundamentais.
b) adotar uma atitude mais liberal com relação aos livros religiosos, o que fez com que diminuísse a censura medieval.
c) criar uma comissão com o intuito de melhorar o relacionamento com os povos não cristãos.
d) estabelecer uma corporação para o Sacro Colégio, pois, dessa forma, todas as nações cristãs estariam aí representadas.
e) estimular a ação das ordens religiosas em vários setores, principalmente no educacional.
02 Como instrumentos da Contra-Reforma por parte da Igreja Católica, destacam-se, EXCETO:
a) a prática da simonia, ou seja, a venda de cargos eclesiásticos.
b) o Index Proibitorium Librorum.
c) a Companhia de Jesus.
d) os Tribunais do Santo Ofício.
e) o Concílio de Trento.
03 Todas as alternativas contêm objetivos da política da Igreja Católica, esboçada durante o Concílio de Trento, EXCETO:
a) A expansão da fé cristã. d) A perseguição às heresias.
b) A moralização do clero. e) O relaxamento do celibato.
c) A reafirmação dos dogmas.
01 A Companhia de Jesus foi instrumento fundamental para a evangelização das colônias americanas.
a) CITE duas estratégias usadas pela Companhia de Jesus para a difusão da fé católica.
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b) IDENTIFIQUE os objetivos da Companhia de Jesus no
Novo Mundo.
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02 Em um dicionário histórico, encontramos a seguinte definição: “Contra-Reforma - O termo abrange tanto a ofensiva ideológica contra o protestantismo quanto os movimentos de Reforma e reorganização da Igreja Católica, a partir de meados do século XVI.” DICIONÁRIO DO RENASCIMENTO ITALIANO, Zahar Editores, 1988. Dê as principais características da Contra-Reforma e analise duas delas.
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