Dyelle Menezes Do Contas Abertas |
A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em 6% em junho, após registrar 5,8% no mês anterior, segundo indicou a Pesquisa Mensal de Emprego. O índice também representou crescimento em relação à junho de 2012, quando a taxa ficou em 5,9%.
A taxa influi diretamente no gastos da União com o benefício do seguro-desemprego. Apesar de no ano passado os recursos do benefício terem apresentado redução pela primeira vez desde 2001, os valores voltaram a crescer no primeiro semestre de 2013.
Entre janeiro e junho deste ano, R$ 14,4 bilhões foram desembolsados para o benefício. O montante é R$ 846 milhões superior ao aplicado no mesmo período do ano passado. O valor pago em seguro-desemprego nos seis primeiros meses do ano também é R$ 20,9 milhões maior do que o verificado em 2011.
Apenas no mês de março o valor pago para desempregados foi menor do que no mesmo período de 2012. O montante foi de R$ 2,3 bilhões no terceiro mês do ano passado e de R$ 2,1 bilhões em março de 2013. O mês de junho, por outro lado, bateu recorde para o período, tendo sido desembolsados R$ 2,9 bilhões para o pagamento de seguro-desemprego.
Os valores utilizados pelo Contas Abertas para realizar o levantamento são constantes, ou seja, já está descontado o crescimento do salário mínimo no período.
Veja a tabela aqui.
Além disso, quase metade dos novos empregos de junho, 59.019, foi aberta no setor rural, ainda como efeito do bom desempenho da agricultura, de longe o setor mais competitivo da economia brasileira e o mais resistente aos problemas internos e externos.
A massa de renda real habitualmente recebida ficou estável de um mês para outro e cresceu 1,5% na comparação com junho de 2012. Mas o crescimento tem sido afetado sensivelmente pela inflação. A comparação da média do primeiro semestre deste ano com o do ano anterior mostra um aumento de 2,7%.
Dados de entidades da indústria também têm mostrado a deterioração do emprego no setor. Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os brasileiros estão preocupados com a inflação e o desemprego. O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC) apontou que a expectativa em relação ao desemprego caiu 2% frente a junho e 8,1% na comparação com julho de 2012. O índice ficou em 115,9 pontos. "O movimento de baixa indica pessimismo do consumidor quanto à capacidade da economia brasileira continuar gerando novos postos de trabalho nos próximos seis meses", mostra a CNI.
Manter baixo o nível de desemprego é uma questão importante para o governo Dilma Rousseff, que o aponta como ponto positivo diante das poucas vitórias econômicas apresentadas na gestão.
No ano passado, a diminuição dos gastos nessa rubrica foi relacionada à implantação da obrigatoriedade de cursos de qualificação para os brasileiros que fazem o pedido de seguro-desemprego pela terceira vez em um intervalo de dez anos. O beneficiário que não quiser realizar o curso perde o direito ao auxílio. Em todo o país, foram quase 80 mil matrículas efetivadas em 2012.
Os profissionais que se encaixam nessa obrigatoriedade são encaminhados ao “Bolsa Formação Trabalhador”. O curso é parte do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e pode ser realizado em qualquer município onde haja Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT). Em uma das poucas exceções abertas pela legislação, o trabalhador consegue obter o seguro-desemprego pela terceira vez, sem se matricular no Pronatec, quando o PAT ainda não existe na cidade.
Fraudes
Apesar das medidas para contenção dos gastos com seguro-desemprego, o Tribunal de Contas da União (TCU) verificou que concessões indevidas da ordem de R$ 55 milhões foram realizadas por meio pagamento do benefício. “Se a amostra fosse extrapolada para um período de um ano, os pagamentos irregulares atingiriam o montante de R$ 132 milhões”, aponta relatório da Corte.
Entre os principais achados da auditoria estão o pagamento de parcelas do seguro-desemprego após o reemprego detectado no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), acumulação de parcelas do seguro-desemprego com benefícios da Previdência Social, acumulação de parcelas do benefício com remuneração no Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) e a acumulação de parcelas do seguro-desemprego e remuneração declarada na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP).
Além disso, o Tribunal também constatou a acumulação de parcelas do benefício com remuneração na situação de contribuinte individual, pela Guia da Previdência Social (GPS), parcelas pagas a indivíduo cadastrado no Sistema Informatizado de Controle de Óbito (Sisobi), atraso no pagamento da parcela - em razão do registro do Programa de Integração Social (PIS) não ser o ativo - e inexistência de sistema ou módulo de gerenciamento de risco.
O TCU determinou à Secretaria das Políticas Públicas de Emprego, Trabalho e Renda do Ministério do Trabalho e Emprego medidas para adequar as verificações feitas pelo sistema seguro-desemprego às exigências legais, entre elas, a implementação de controles para evitar a ocorrência de erros e fraudes no pagamento do benefício, o uso de sistema ou módulo de gerenciamento de risco como boa prática de segurança da informação, além da implantação de melhorias relativas à consistência das informações gerenciadas.
Números ainda altos
Em uma série histórica de 2001 e 2012 é possível perceber como os valores pagos ao seguro-desemprego sofreram crescimento significativo. Em 2001, os gastos com o benefício atingiram R$ 18,2 bilhões, valor 35,2% menor do que os R$ 28 bilhões desembolsados no ano passado, mesmo com a queda constante da taxa de desemprego desde então.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as principais razões que respondem pelo aumento dos gastos federais com o seguro-desemprego no longo prazo são os requisitos para recebimento do benefício, o crescimento e a rotatividade do mercado de trabalho e o aumento do salário mínimo. (Confira tabela).
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domingo, 1 de setembro de 2013
Gastos com seguro-desemprego crescem R$ 846 milhões em 2013
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