domingo, 1 de janeiro de 2012

Precisamos fazer uma nova leitura do ensino x aprendizado no Brasil - veja abaixo como estamos formando nossos profissionais e como poderíamos fazer isso de maneira intergrada, em conjunto e hamonia com o saber coletivo.

CAFÉ HISTÓRIA: Historiadores e filósofos dividem os corredores nas universidades, mas muitas vezes acabam dialogando e trocando menos do que poderiam. Em sua opinião, quais são as principais "zonas de aproximação" ou "zonas de contato" entre essas duas áreas?

EDUARDO JARDIM: Prefiro responder a esta pergunta sem me deter muito nas complexas relações entre filosofia e história desde a Antiguidade. Como se sabe, foram relações marcadas por preconceitos da parte dos filósofos. Os filósofos antigos não consideravam a história como matéria digna de atenção, já que o que interessava à filosofia era o Ser e não o mundo do devir, no qual se desdobra o curso da história. Quando, no final do século XVIII, a filosofia voltou-se para a história, foi para impor-lhe uma ordenação filosófica, não para acolhê-la de verdade. Claro que no século XX tudo isso mudou, junto com todo o panorama intelectual, e o tempo, que é o elemento da vida histórica, passou a constituir um assunto filosófico da maior importância. Esta aproximação no âmbito conceitual não se refletiu na vida das instituições de ensino e pesquisa. Nossas universidades são um agregado de faculdades isoladas que buscam a formação específica do estudante de cada área, sem mesmo se dar conta de que a ideia de universidade supõe o contato entre as diversas disciplinas. Claro que esta organização reflete o modo de ser da civilização técnica, na qual o que importa é o rendimento das atividades para a produção de bens determinados. Este cenário tem mudado aos poucos nos últimos anos, inclusive porque hoje são claros os limites desta ótica tecnicista. Sinais dessa mudança já podem ser notados em várias iniciativas. Cursos que acolhem estudantes de história e filosofia são oferecidos, que constituem uma oportunidade para uma troca em pé de igualdade. O historiador tem muito que aproveitar do modo de pensar do filósofo e este tem a atenção despertada para o mundo no contato com os estudos históricos. Uma investigação sobre o tempo e o modo como foi pensado ao longo da tradição deveria envolver as duas disciplinas. Deveria ser o assunto mais importante de um diálogo de historiadores e filósofos.

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