sexta-feira, 20 de abril de 2012

A extinção de professores

    O ano é 2.020 D.C. - ou seja, daqui a oito anos - e uma conversa
entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:
    – Vovô, por que o mundo está acabando?
    A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo
tom vem a resposta:
    - Porque não existem mais professores, meu anjo.
   - Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?
    O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres
elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito
culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam
as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo
e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam
as pessoas a pensar.
    – Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?
    – Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os
grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados
pelos alunos.
    – E como foi que eles desapareceram, vovô?
    – Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi
executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se
lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos
ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos
alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo
ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o
estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam
aprender alguma coisa.
    Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos
professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos.
Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me
ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito
mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você
ganha”. Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores
nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas
particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na
qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais,
pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo
“gerenciar a relação com o aluno”. O professores eram vítimas da
violência – física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres
e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo.
    Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre
esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular,
para qualquer faculdade que fosse. “Ah, eu quero saber se isso que
vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”,
diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo
o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se
foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de ideias, tudo,
enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos
escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais
ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.
    Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários
foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar
à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre
vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas
também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas
“bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam,
modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão –
enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a
sociedade.

O texto acima circula na internet desde 2009, mas como ele se mantém
atualíssimo, vale repassá-lo para os amigos. Trata-se apenas de uma
opinião de um autor desconhecido.

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