segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Educação tira pontos da qualidade de vida do Rio

Estado apresenta queda no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal e sai do grupo de alto padrão. Mas região passou a ter quatro cidades entre as 100 melhores do País

POR MICHEL ALECRIM
Rio - Indicador elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) apontou queda na qualidade de vida da população fluminense. No Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, a pontuação com base no ano de 2007 foi de 0,7985, abaixo de 0,8035 do ano anterior. Apesar de o resultado tirar o estado do grupo de alto padrão, há o que se comemorar na pesquisa. O Rio passou a ter quatro municípios entre os 100 melhores em vez de apenas dois. Além disso, Macaé entrou no grupo das únicas 12 cidades a atingirem índice acima de 0,9.


O que mais contribuiu para a queda na pontuação do estado foi o quesito educação, que recuou 1,8%. Pesou a redução no percentual de professores com Ensino Superior. No aspecto emprego e renda, houve praticamente estabilidade e o Rio passou a ocupar a primeira posição no País, devido à queda de São Paulo. Já na saúde, foi registrada pequena melhora (0,5%), mas os fluminenses continuaram na 9ª posição.
NA LISTA DOS 100 MELHORES
O retrato feito pelo índice mostra avanços em dois polos: Macaé, no Norte, e Porto Real e Volta Redonda, no Sul. Estes dois últimos municípios entraram para a lista dos 100 melhores do País, ocupando 64ª e 100ª posições, respectivamente. Além dos três, Niterói (90º lugar) faz parte dos top100.

Enquanto o Interior apresenta avanços na qualidade de vida, a Região Metropolitana concentra maior pobreza. Japeri, na Baixada, foi considerado o pior na avaliação e Paracambi, a cidade que teve a maior queda (-8,6%).
Para a coordenadora da pesquisa, Luciana de Sá, o indicador, que está no seu terceiro ano, já virou uma referência para prefeituras, estados e investidores. “Empresas procuram saber qual é o índice antes de realizar investimentos”, afirma a economista.

O ajudante de ambulante Anderson do Nascimento Espíndola, 30 anos, de Japeri, torce para que a realidade mude. “É difícil arrumar emprego. Sempre pedem estudo e eu só tenho a quarta série”, conta. Flavio José Vaz, 22, de Paracambi, também se vira como pode: “Eu tinha um bar, mas tive que fechar por causa da crise. Vendo batata para complementar a renda”, diz.
Interior tem bons exemplos de qualidade

O mapa do índice da Firjan revela maior avanço no Interior. A pequena Italva (14.676 habitantes), no topo da educação nos três anos da pesquisa melhorou ainda mais sua pontuação. Segundo a secretária municipal da pasta, Elizabeth de Almeida, 95% dos professores da rede têm curso superior, graças a programa que facilita o transporte de quem resolve estudar em outro município.

Macaé, que atrai imigrantes por causa da oferta de empregos na área de petróleo, precisa incrementar sua estrutura para atender a essa população. A prefeita em exercício, Marilena Garcia, reconhece que a ajuda da União, inclusive para a segurança, ajuda a reduzir o impacto. Outro bom exemplo do Interior é Piraí, a melhor em saúde. A secretária da pasta, Conceição de Souza, no cargo desde 2001, destaca a política de prevenção e a atenção às grávidas.
Municípios da Baixada concentram pobreza

Na pior posição do ranking estadual ficou Japeri, município da Baixada, localizado no fim de um dos ramais da SuperVia. A distância do principal polo de empregos do estado é justamente um dos motivos para o atraso da cidade, que alcançou má pontuação não só na questão econômica, mas também em educação e saúde. A atual gestão, que assumiu em 2008, diz que está investindo para mudar o quadro.

Paracambi, que ficou na 86ª posição no ranking, foi a cidade que mais caiu em 2007. Emprego e renda foram o que mais contribuíram para a queda.

A avaliação da atenção básica em saúde, que levou em conta aspectos como a mortalidade infantil e o atendimento pré-natal, não deixou a Baixada em boa colocação. São da região os piores colocados: Japeri (90º), Belford Roxo (91º) e Queimados (92º).

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